Embora a maioria das pessoas seja atraída pelo Bitcoin pela promessa de enriquecimento rápido e fácil, a criptomoeda ainda tem um longo caminho a percorrer até tornar-se um ativo verdadeiramente global e popular.
O Bitcoin
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está destinado a se tornar um dos principais ativos financeiros globais, acredita Lyn Alden, especialista em macroeconomia e autora do livro “Broken Money: why our financial system is falling us” (Dinheiro quebrado: por que o nosso sistema financeiro está falhando, em tradução livre). No entanto, isso não ocorrerá em menos de duas ou três décadas, projetou Alden durante um debate promovido pelo podcast “What Bitcoin Did?”.
Mais do que apenas uma forma monetária superior, o Bitcoin é uma revolução tecnológica, segundo Alden. E novas tecnologias levam tempo para ser compreendidas, aceitas, adotadas e, finalmente, popularizadas, explica:
“Com relação às novas tecnologias, as pessoas geralmente superestimam a velocidade e depois subestimam a magnitude final que elas podem alcançar, e acho que isso será válido para o Bitcoin.”
A expectativa de que o Bitcoin substitua as moedas fiduciárias como meio de troca ou ultrapasse o ouro em capitalização de mercado – tornando-se o ativo de reserva de valor por excelência – em um horizonte temporal de curto prazo são tão equivocadas quanto aquelas que julgam que o preço do criptoativo vai a zero e o BTC se tornará insignificante, afirmou Alden:
“Acho que as pessoas superestimam rotineiramente a velocidade com que ele mudará fundamentalmente o ‘sistema’, mas acho que subestimam a magnitude do que ele pode fazer em um período de 30 anos ou mais, como a mudança transformacional que pode acontecer na forma como fazemos pagamentos, onde decidimos armazenar valor, a taxa de retorno de nossos investimentos.”
Embora possa parecer frustrante, Alden sustenta que a ascensão do Bitcoin “não será uma história de um três ou cinco anos, não é nem mesmo uma história de 10 anos. É algo que levará algumas décadas.”
Além do aspecto tecnológico, a avaliação de Alden leva em conta também fatores econômicos. Por enquanto, a capitalização de mercado do Bitcoin é modesta se comparada a outras classes de ativos, observa a especialista:
“A riqueza global, dependendo da medida adotada, está entre US$ 500 trilhões ou mil trilhões, ou seja, um quatrilhão [de dólares], e, hoje, portanto, o Bitcoin representa uma fração de 1% disso.”
Atualmente, a capitalização de mercado do Bitcoin é de apenas US$ 1,25 trilhão, de acordo com dados da CoinGecko, embora já tenha superado a marca de US$ 2 trilhões durante o topo do ciclo de alta de 2021.
O ouro, por exemplo, tem uma capitalização de mercado de US$ 15,5 trilhões, de acordo com dados do Companies Market Cap. Não é pertinente acreditar que o valor de mercado do Bitcoin possa crescer de forma acelerada em um curto espaço de tempo.
Até porque a natureza disruptiva do Bitcoin não só dificulta a sua aceitação por parte de pessoas que não compreendem sua tecnologia subjacente e dos agentes dos mercados financeiros tradicionais como também provoca forte oposição de governos e estados nacionais.
“Os estados-nação vão reagir ao Bitcoin de várias formas. Isso já vem acontecendo nos últimos 15 anos, e continuará sendo assim”, afirma.
Ainda assim, Alden acredita ser inevitável que o Bitcoin “devore” ativos financeiros inferiores, como cadernetas de poupança e títulos soberanos, por exemplo. Segundo ela, as pessoas recorrem a eles “por falta de dinheiro bom.” Uma lacuna que o Bitcoin foi criado para preencher.
No início da noite de domingo, o Bitcoin é negociado a US$ 63.740, em baixa de 0,2% nas últimas 24 horas, e se aproxima do fechamento semanal acima do suporte crítico de US$ 59.500, que, segundo analistas, poderia decretar o fim prematuro do atual ciclo de alta das criptomoedas.